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A000t Aristóteles, Tópicos




Aristoteles

1 (...) O raciocínio é um argumento em que, estabelecidas certas coisas, outras coisas diferentes se deduzem necessariamente das primeiras. (L. I 1 a)

2 O raciocínio é uma ‘demonstração’ quando as premissas das quais parte são verdadeiras e primeiras, ou quando o conhecimento que delas temos provém originariamente de premissas primeiras e verdadeiras: e, por outro lado (b), o raciocínio é ‘dialético’ quando parte de opiniões geralmente aceitas. (L. I 1 a)

3 São, por outro lado, opiniões ‘geralmente aceitas’ aquelas que todo mundo admite, ou a maioria das pessoas, ou os filósofos em outras palavras: todos, ou a maioria, ou os mais notáveis e eminentes. (L. I 1 b)

4 (...) os elementos são quatro ao todo, a saber: definição, propriedade, gênero e acidente. (...) é deles que se formam tanto os problemas como as proposições.

5 (...) de cada proposição poderemos fazer um problema se mudarmos a estrutura da frase.

6 (...) mostrar que as coisas são idênticas não basta para estabelecer uma definição. Demonstrar, por outro lado, que não são idênticas é suficiente para lançá-la por terra. (L. I 5)

7 Um ‘acidente’ é (...) algo que pode pertencer ou não pertencer a alguma coisa, sem que por isso a coisa deixe de ser ela mesma (...). (L. I 5)

8 a definição consiste no gênero e nas diferenças (L.I 8).

9 devemos distinguir entre as classes de predicados em que se encontram as quatro ordens de predicação em apreço. São elas em número de dez: Essência, Quantidade, Qualidade, Relação, Lugar, Tempo, Posição, Estado, Ação, Paixão. Porquanto o acidente, o gênero, a propriedade e a definição do que quer que seja sempre caberão numa destas categorias (...) Tais e tantos são, pois, os sujeitos em tomo dos quais giram os argumentos, e os materiais de que se formam (L. I 9).

10 um homem assentirá provavelmente ao ponto de vista dos filósofos se este não contrariar as opiniões da maioria das pessoas (L. I 10).

11 também as opiniões que contradizem os contrários das opiniões gerais passarão por opiniões gerais (...) parecerá também uma opinião geral que o predicado contrário pertence ao sujeito contrário (L. I 10).

12 os homens estão predispostos a dar seu assentimento aos pontos de vista daqueles que estudaram essas coisas: por exemplo, numa questão de medicina concordarão com o médico, numa questão de geometria, com o geômetra; e da mesma forma nos outros casos. (L. I 10).

13 ocupar-nos com uma pessoa comum quando expressa pontos de vista contrários às opiniões usuais dos homens seria tolice (L. I 11).

14 A indução é, dos dois, a mais convincente e mais clara; aprende-se mais facilmente pelo uso dos sentidos e é aplicável à grande massa dos homens em geral, embora o raciocínio seja mais potente e eficaz contra as pessoas inclinadas a contradizer (L. I, 12).

15 Os meios pelos quais lograremos estar bem supridos de raciocínios são quatro: (1) prover-nos de proposições; (2) a capacidade de discernir em quantos sentidos se emprega uma determinada expressão; (3) descobrir as diferenças das coisas, e (4) a investigação da semelhança (L. I, 13).

16 todos os juízos que parecem ser verdadeiros em todos ou na maioria dos casos devem tomar-se como um princípio ou posição aceita (L. I, 14).

17 Para os fins da filosofia devemos tratar dessas coisas de acordo com a sua verdade, mas para a dialética basta que tenhamos em vista a opinião geral (L. I, 14).

18 Se um termo comporta vários significados específicos ou apenas um, deve ser considerado pelos meios seguintes. Procure-se ver primeiro, caso o seu contrário tenha vários significados, se a discrepância entre estes é de espécie ou de nomes. Pois em alguns casos a diferença se manifesta imediatamente nos próprios nomes: por exemplo, o contrário de ‘agudo’, tratando-se de uma nota, é ‘grave’; e, tratando-se de um ângulo sólido, é ‘obtuso’. É evidente, pois, que o contrário de ‘agudo’ tem vários significados, e, assim sendo, o mesmo acontece com ‘agudo’, pois, correspondendo a cada um dos termos acima, o significado do seu contrário será diferente. Com efeito, ‘agudo’ não será a mesma coisa quando contrário a grave e quando contrário a ‘obtuso’, embora ‘agudo’ seja o contrário de ambos. (L. I, 15). (...) verificar, além disso, se uma acepção de um termo tem um contrário, enquanto outra não tem absolutamente nenhum (...). Mais ainda: no tocante aos intermediários, é preciso ver se alguns significados e seus contrários têm um intermediário, enquanto outros não os têm, ou se ambos têm um intermediário porém não o mesmo (...) No caso de um oposto contraditório, é preciso ver igualmente se ele tem mais de um significado. Porque, se assim for, o seu oposto será também usado em mais de uma acepção (...) Examinem-se igualmente as formas derivadas. Pois, se "justamente" tem mais de um sentido, 'justo" também será usado em mais de um significado, porquanto haverá um acepção de "justo" correspondente a cada acepção de "justamente” (...) Considerem-se também as classes de predicados que o termo significa, procurando ver se são as mesmas em todos os casos. Porquanto, se não forem as mesmas, o termo será evidentemente ambíguo (...) (L.I 15).

19 enquanto não ficar bem claro em quantos sentidos se usa um termo, pode acontecer que o que responde e o que interroga não tenham suas mentes dirigidas para a mesma coisa (L. I 17).

20 entre semelhantes, de acordo com a opinião geral, o que é verdadeiro de um é também verdadeiro dos demais (L. I 18).

21 É bom, além disso, trocar um termo por outro mais familiar (...) pois quando a expressão é mais familiar torna-se mais fácil atacar a tese (L. II 4).

22 (...) a prova procede do gênero e passa deste à espécie (...) Mas pode seguir a direção contrária e ir da espécie para o gênero, pois todos os atributos que pertencem à espécie pertencem igualmente ao gênero (L. II 4).

23 não é necessário que todos os atributos pertencentes ao gênero também pertençam à espécie (...) Por outro lado, todos os atributos que pertencem à espécie devem necessariamente pertencer também ao gênero (L. II 4).

24 todos os atributos que não pertencem ao gênero não pertencem tampouco à espécie, ao passo que todos os que faltam à espécie não faltam necessariamente ao gênero (L. II 4).

25 quem tenha feito uma afirmação qualquer fez, em certo sentido, várias afirmações, dado que cada afirmação tem um número de conseqüências necessárias: por exemplo, quem disse "X é um homem" também disse que ele é um animal, que é um ser animado e um bípede, e que é capaz de adquirir razão e conhecimento, de forma que, pela demolição de uma só destas conseqüências, seja ela qual for, a afirmação original é igualmente demolida (L II 5).

26 Com respeito aos sujeitos que devem ter um, e apenas um, dentre dois predicados, como, por exemplo, um homem deve ter ou bem doença, ou bem saúde, supondo-se que no tocante a um deles estejamos bem providos de argumentos para afirmar a sua presença ou ausência, estaremos igualmente bem documentados no que se refere ao outro (L. II 6).

27 Se a adição de uma coisa a outra faz com que esta outra se torne boa ou branca, quando anteriormente não era boa nem branca, então a coisa acrescentada será branca ou boa - isto é, possuirá o caráter que comunica ao todo. Por outro lado, se a adição de alguma coisa a um dado objeto intensifica o caráter que ele possuía tal como foi dado, então a coisa acrescentada possuirá, ela mesma, esse caráter. E analogamente quanto aos demais atributos (L. II 10).

28 a virtude é mais desejável do que a sorte (L.III 1).

29 a beleza, segundo se supõe geralmente, consiste numa certa simetria dos membros (L. III 1).

30 sempre que duas coisas se assemelhem muito entre si e não podemos ver nenhuma superioridade numa delas sobre a outra, devemos examiná-las sob o ponto de vista de suas conseqüências. Porquanto a que tem como conseqüência o bem maior é a mais desejável; ou, se as conseqüências forem más, será mais desejável a que for seguida de um mal menor. Com efeito, embora ambas sejam desejáveis, pode haver entre elas alguma conseqüência desagradável que faça pender a balança (L. III 2).

31 também a prudência é mais desejável na velhice; com efeito, ninguém escolhe os jovens para guiá-los, pois não se espera que eles sejam prudentes. Com a coragem dá-se o caso inverso, pois é na mocidade que se requer de maneira mais imperativa o exercício dessa virtude. E da mesma forma no que toca à temperança, porquanto os jovens sofrem mais do que os velhos as conseqüências de suas paixões. (L. III 2).

32 o bem mais evidente é mais desejável do que o menos evidente (L. III 2).

33 Às vezes, porém, o melhor não é também mais desejável, pois do fato de ser melhor não decorre necessariamente que seja mais desejável: pelo menos, ser filósofo é melhor do que ganhar dinheiro, porém não é mais desejável para um homem que carece das coisas necessárias à vida. (L. III 2).

34 ao refutar ou estabelecer uma coisa universalmente, também a demonstramos em particular: com efeito, se ela é verdadeira de todos, também é verdadeira de alguns; e, se é falsa de todos, é falsa de alguns (L. III, 6).

Lógica. 19/04/2013 10:21
ENCYCLOPAEDIA V. 51-0 (11/04/2016, 10h24m.), com 2567 verbetes e 2173 imagens.
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